Dependência Química

Dependência Química

Dependência química – Diagnóstico (conceitos básicos e classificação geral)
O conceito de dependência química, apesar de variado, ainda não encontra um padrão. A dependência, portanto, tem sua definição dividida em quatro modelos:

• Modelo de doença – a dependência química como transtorno primário e independente de outras condições, uma herdada suscetibilidade biológica aos efeitos do álcool ou drogas. As principais características da dependência, de acordo com esse modelo, são: a perda de controle sobre o consumo de álcool ou drogas; a negação; o uso continuado a despeito de consequências negativas e um padrão de recaída.

• Modelo de comportamento aprendido – este modelo vê a dependência química como um comportamento adquirido, pois se acredita que os comportamentos são aprendidos ou condicionados. Logo, nele os problemas comportamentais, incluindo pensamentos, sentimentos e mudanças fisiológicas poderiam ser modificados pelos mesmos processos de aprendizagem que os criaram.

• Modelo psicanalítico – a dependência química é entendida como tentativa de retonar a estados prazerosos da infância. Esta teoria vê o uso (álcool e drogas) como uma forma em que o indivíduo tenta se adaptar a seus déficits de auto-regulação, que emergiram de privação ou de interações disfuncionais na primeira infância. Essas teorias têm sido rotuladas como "hipótese de auto medicação". De acordo com essa hipótese, algumas deficiências do indivíduo poderiam levar a problemas com abuso de substâncias: como os déficits na tolerância aos afetos, os prejuízo nas habilidades de auto proteção, a vulnerabilidade no desenvolvimento da auto estima e os problemas na construção dos relacionamentos e intimidade.

• Modelo familiar – correlaciona a dependência química com padrões familiares. Este modelo contribuiu muito para o entendimento da dependência, principalmente no que diz respeito ao conceito de equilíbrio e à importância das regras e metas que governam os relacionamentos familiares e como elas contribuem para a manutenção do uso de substâncias.

Dependência química – Um problema biológico, psicológico, social, cultural e espiritual
Há um quinto modelo que concebe a dependência química como sendo um fenômeno biopsicossocial. Este modelo tenta integrar as contribuições de todos os quatro anteriores em uma teoria unificada.

Parece haver um componente biológico herdado nos transtornos de abuso a substâncias, mas este componente isolado não explica a complexidade do fenômeno. Fatores psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais desempenham um importante papel na causa, curso e resultados da dependência química.

Conceito de dependência química: Uso esporádico, abuso e dependência
Não existe uma fronteira clara entre uso, abuso e dependência; todavia, esses conceitos são assim distinguidos:

• Uso: Qualquer consumo de substâncias psicoativas, seja para experimentar, seja esporádico ou em episódios distintos.

• Abuso: É o uso nocivo, onde o consumo de substâncias já está associado a algum tipo de prejuízo (biológico, psicológico ou social);

• Dependência: Consumo sem controle, geralmente associado a problemas sérios para o usuário e com prejuízos reais a saúde física, financeira, psicológica, social e mental.

Estes conceitos passam uma idéia de continuidade, como uma evolução progressiva entre esses níveis de consumo: os indivíduos passariam, inicialmente, por uma fase de uso, alguns deles evoluiriam posteriormente para o estágio de abuso e, finalmente, alguns destes últimos tomar-se-iam dependentes. Portanto nem todo uso ou abuso progride para a dependência.
O uso precoce, porém, tende a gerar problemas futuros mais sérios. É válido lembrar, contudo, que não existe fator que determine se as pessoas se tornarão dependentes.

Dependência química - Critérios diagnósticos
Os critérios para diagnosticar a dependência química de acordo com o DSM-IV, dependência de substâncias é:

Um padrão desadaptativo de uso de substância, provocando comprometimento ou sofrimento clinicamente significante, manifestado por três (ou mais) dos seguintes, ocorrendo a qualquer tempo no mesmo período de 12 meses:

• Tolerância, definida por qualquer dos seguintes:

- Necessidade de quantidades marcadamente maiores da substância para atingir a intoxicação ou o efeito desejado.

- Efeito marcadamente diminuído com o uso continuado da mesma quantidade da substância.

• Abstinência, manifestada por qualquer dos seguintes:

- Síndrome de abstinência característica da substância.

- A mesma substância (ou proximamente relacionada) é utilizada para aliviar ou evitar sintomas de abstinência.

• A substância frequentemente é utilizada em quantidades maiores ou por um período de tempo mais longo do que pretendido.

• Há desejo persistente ou esforços sem sucesso para diminuir ou controlar o uso da substância.

• Uma grande quantidade de tempo é gasta em atividades necessárias para obter a substância (por exemplo, visitando múltiplos médicos ou dirigindo longas distâncias), utilizando a substância (por exemplo, fumando um cigarro depois do outro), ou se recuperando dos seus efeitos.

• Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas devido ao uso da substância.

• O uso da substância é mantido apesar do conhecimento da ocorrência de problema físico ou psicológico recorrente ou persistente que provavelmente foi causado ou exacerbado pela substância (por exemplo, uso atual de cocaína não obstante o reconhecimento de depressão induzida por ela, ou ingesta alcoólica continuada apesar do reconhecimento que uma úlcera piorou em consequência do consumo de álcool).